Tecnologias Emergentes em Educação - EDU640 - 3.2

Taxonomia dos objetivos educacionais

Conteúdo organizado por Ane Caroline de Souza Pereira e Alexandra Cristina Moreira Caetano em 2022 do livro Encyclopedia of Information Technology Curriculum Integration, publicado em 2009 por Lawrence A. Tomei, pela editora Information Science Reference.

Taxonomia dos objetivos educacionais

Objetivos de Aprendizagem

Taxonomia

Qualquer ação a ser realizada, independente da área, demanda planejamento, objetivo e meta. Enquanto cada um fazia do seu jeito, ficava impossível estabelecer alguma forma de avaliação, controle, ou acompanhamento, porque não havia formas de mensuração que pudessem ser padronizadas. E identificar padrões e classificá-los faz parte do domínio da Taxonomia.

Taxonomia é um dos instrumentos que pode apoiar o planejamento, a estruturação, a organização, a definição de objetivos instrucionais e a escolha de instrumentos de avaliação. Por ser responsável pela classificação, denominação e organização de um sistema de informações, análise ou sistematização conceitual.

Toda vez que você quiser colocar ordem para um sistema de classificação, logo se lembra da taxonomia.

Taxonomia da Aprendizagem 

Aprendizagem é resultante de um processo interativo, multifacetado e plural. A aprendizagem caracteriza-se por toda modificação observável em um indivíduo que tenha sido apresentado a algum tipo de instrução ou processo de ensino. Enquanto os professores planejam os processos de ensino e fazem a mediação da aprendizagem, os alunos aprendem à medida que compartilham, colaboram, colocam a “mão na massa” e contribuem com a construção de novos conhecimentos.

A aprendizagem ocorre simultânea interativamente em, pelo menos, três domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. Taxonomia da aprendizagem parte desses domínios para categorizar os modos de aprender e a profundidade desse processo. Marcheti Ferraz & Belhot (2010) apresentam os domínios como:

Considerando a aprendizagem no sentido amplo, identificaremos a importância dos três domínios (cognitivo, afetivo e psicomotor).  Entretanto, na prática, ao focarmos nos planejamentos educacionais, objetivos, estratégias e sistemas de avaliação, reconhecemos que o domínio cognitivo é o mais utilizado. 

Taxonomia de Bloom 

As pesquisas que levaram à Taxonomia de Bloom consideraram que, nas mesmas condições de ensino, todos os alunos aprendiam, porém, essa aprendizagem se diferenciava em relação ao nível de profundidade e abstração do conhecimento adquirido. Neste contexto, as diferenças observadas levaram em consideração a organização dos processos de aprendizagem para estimular o desenvolvimento cognitivo, bem como as estratégias adotadas. Esse foi o caminho para a definição da taxonomia que estabelece a relação entre o desenvolvimento cognitivo e sua relação com a definição do objetivo do processo de aprendizagem.

A teoria criada por um grupo multidisciplinar liderado pelo pedagogo e psicólogo norte-americano Benjamin Bloom (1913-1999) ficou conhecida como Taxonomia de Bloom, sendo também conhecida como Taxonomia dos Objetivos Educacionais.

Figura 3.1 – Benjamin S. Bloom

Fonte: https://bit.ly/shuhu18s

Visando o combate à avaliação por memorização e o estímulo à avaliação contínua e processual, Bloom e sua equipe (1956) fizeram pesquisas minuciosas em cada um dos grandes sistemas, chegando à conclusão de que: 

Na sequência, foram divididas e especificadas as habilidades de cada um dos sistemas estudados.

Habilidades do sistema cognitivo:

Habilidades do sistema afetivo:

Habilidades do sistema psicomotor:

A Taxonomia de Bloom foi desenvolvida com foco nas características do domínio cognitivo. É possível entender qual verbo se utiliza em relação ao comportamento esperado, organizando os objetivos de aprendizagem em seis níveis, descritos por ordem crescente de complexidade, desta forma:

Figura 3.2 – Taxonomia de Bloom

Fonte: Bloom et al. (1956)

O que interessava para Bloom et al. (1956) era proporcionar uma ferramenta prática e útil que fosse coerente com as características dos processos mentais superiores (nível de conhecimento e abstração complexa) do modo como eram consideradas e conhecidas.

A Taxonomia dos Objetivos Educacionais, como a Taxonomia de Bloom também é conhecida, é definida por seus autores, pesquisadores na área de psicologia da educação, como “um método de favorecer a troca de ideias e materiais entre os especialistas em avaliação, bem como entre outras pessoas vinculadas à pesquisa educacional e ao desenvolvimento do currículo” (Bloom et al,1956, p. 9).

Taxonomia de Bloom Revisada

Em 2001, a Taxonomia de Bloom foi revisada por Krathwohl e Anderson (2001) que ampliaram o alcance do processo educacional para além do planejamento da atividade em si.  Essa revisão propôs uma reorganização do nível cognitivo, que passa a ser orientado conforme as seguintes categorias: Recordar, Entender, Aplicar, Analisar, Avaliar e Criar. 

Em 2009, a taxonomia foi adaptada por Churches (2009) para abordagem de recursos educacionais em ambientes de aprendizagem digital.  Os objetivos, processos e ações integrados às Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), passaram a exigir a implementação de verbos secundários àqueles abordados na taxonomia. 

A Taxonomia de Bloom para era digital apresenta uma organização cognitiva, por propor um conjunto  de categorias com a utilização de uma variedade de verbos  que  buscam  orientar  o  planejamento  educacional  para  o  contexto  digital.  

Figura 3.3 – Taxonomia de Bloom Revisão

Fonte: https://www.escolaweb.educacao.al.gov.br/odas/aulas-sobre-taxonomia-de-bloom

Aprendizagens Significativas

Seja na educação formal ou na educação corporativa, a Taxonomia de Bloom contribui para a construção de objetivos de aprendizagem que visam o desenvolvimento de habilidades que estimulem o pensamento crítico. O desenvolvimento dos educandos depende da apresentação consistente de objetivos que os levem a percorrer os níveis do domínio cognitivo, da aquisição de informação à aplicação e avaliação dessa informação para construção de conhecimentos. 

Taxonomia de Bloom, quando usada na elaboração de objetivos gerais, motiva educadores a refletirem nesses objetivos o propósito da aula ou tema em relação aos outros, apresentando de forma clara, a habilidade a ser adquirida por meio dos desafios a serem realizados. Desafios expressos por meio das metas específicas presentes nos resultados esperados para aquela aprendizagem (objetivos específicos). 

A aprendizagem se torna significativa na progressiva mudança dos níveis conceituais para os práticos e processuais.

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Conceitos fundamentais

Taxonomia (do grego taxis (ordenação) e nomos (sistema, norma) é todo sistema de classificação que possua três características: 

  • Cumulatividade: implica em termos uma categoria do sistema de classificação que abrange as categorias precedentes. 
  • Hierarquia: implica em termos uma categoria superior às que a precedem e inferior às que lhe sucedem.
  • Eixo comum: implica em termos um traço comum a todas as categorias que a integram.

Taxonomia Digital de Bloom – Proposta a partir das revisões de Krathwohl e Anderson (2001) e Churches (2009), fica estabelecido um conjunto de seis categorias para orientar o planejamento educacional: Recordar, Entender, Aplicar, Analisar, Avaliar e Criar, que  buscam trazer uma abordagem  de  recursos  educacionais  em  ambientes  de aprendizagem  digital.

Figura 3.4 -Taxonomia Revisada 

Fonte: https://www.amplifica.me/taxonomia-de-bloom/ 

Materiais complementares

Quer saber mais sobre o que estudamos? Então acesse o conteúdo dos links a seguir:

  • “Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais”. Disponível em: <https://bit.ly/a15v17n2>. Acessado em 07 de maio de 2024
  • Classificação cognitiva das atividades avaliativas utilizadas nos ambientes virtuais de aprendizagem com base na taxonomia de Bloom. Disponível em: https://bit.ly/xohe78cy Acessado em 07 de maio de 2024

Em resumo

Durante o tema, você compreendeu a importância da taxonomia para a criação de um sistema de classificação de objetivos dentro dos domínios da Taxonomia da Aprendizagem. Considerando o domínio cognitivo, explorou a construção da Taxonomia de Bloom, que também é chamada de Taxonomia dos Objetivos Educacionais. Quando o educador cria uma experiência de aprendizagem guiado pela Taxonomia de Bloom, os alunos são encorajados a prosseguir com dois objetivos através dessa experiência: adquirir competências na área de conteúdo e aprender a aprender através do pensamento crítico. O uso da Taxonomia de Bloom para construção dos objetivos facilita o mapeamento das competências a serem desenvolvidas pelo aluno durante o processo de aprendizagem, sistematizando o que será requerido para que esse aluno alcance os objetivos criados.

aplicação na prática

Os educadores, em sua maioria, estão familiarizados com a Taxonomia de Bloom, que classifica os diferentes níveis de cognição humana do pensamento, aprendizado e compreensão. No entanto, em uma era digital, eles devem partir para a Taxonomia Digital de Bloom.

Após assistir ao vídeo recomendado a seguir, reflita sobre o questionamento: “Como as ferramentas digitais podem ser veículos e transformar o pensamento do aluno em diferentes níveis?”.

Vídeo:

"Taxonomia Digital de Bloom"

na ponta da língua

Referências
Bibliográficas

Anderson,  L.  W.,  Krathwohl,  D.  R.,  and  Bloom,  B.  S.  (2001).  A  Taxonomy  for Learning, Teaching, and Assessing a Revision of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives, New York, NY: Longman

Bloom, B. S., Engelhart, M. D., Furst, E. J., Hill, W. H., & Krathwohl, D. R. A. (1956). Taxonomy of Educational Objectives: The Classification of Educational Goals. Handbook 1: Cognitive Domain. New York: David McKay.

Churches, Andrew. (2009) Taxonomía de Bloom para a era digital. Eduteka. Recuperado 11. Disponível em: http://bit.ly/ital  Acessado em 08 de maio de 2024

Lawrence A. T. (org.). (2008) Encyclopedia of Information Technology Curriculum Integration. Hershey: IGI Global.

Marcheti Ferraz, A. P. C., & Belhot, R. V. (2010). Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gestão Produção, 17(2), 421–431. Disponível em: https://bit.ly/015 Acessado em 08 de maio de 2024

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Imagens: Shutterstock

Livro de Referência:

Encyclopedia of Information Technology Curriculum Integration

Lawrence A. Tomei

Information Science Reference, 2009

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